AMIGOS PELO BEM (PMs): 6 ANOS
No dia 26 de dezembro de 2018, nascia, no whatsapp, o grupo “Amigos Pelo Bem (PMs)”. Seu objetivo: reunir policiais militares do Estado de São Paulo – oficiais e praças – e oferecer-lhes um modesto, mas eficaz apoio moral e espiritual, de inspiração católica, apto a auxiliá-los nos embates da vida diária.
Para nós, o bom policial militar, embora odiado e combatido por alguns setores da sociedade, realiza o que diz Cristo, nosso Senhor, no Evangelho: “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos” (Jo 15,13). Com efeito, ele é um ser humano comum, mas que, em virtude da sua profissão, deixa a sua família para arriscar a própria vida em favor de pessoas desconhecidas na mira de delinquentes perigosos que – atuando contra Deus – desejam “roubar, matar e destruir” (Jo 10,10).
E o que recebe esse policial, além de um salário pouco condizente com o constante risco de vida que corre? – Recebe críticas ferrenhas de parte da imprensa, de autoridades e até de algumas pessoas “de igreja”. Ouvimos dizer que uma senhora, bastante empenhada na sua paróquia, comentava: “Os policiais trabalham pouco. Eles mais passeiam de viatura e, assim, gastam gasolina com o dinheiro dos nossos impostos”. Dizeres genéricos a demonstrarem que passar muito tempo na igreja nem sempre torna a pessoa melhor ou mais reflexiva no seu modo de pensar e agir. Uma pena.
No sentido oposto a essa senhora, proposta como modelo de crítica estúpida, estão, por exemplo, o Dr. Vitor Pugliesi Marques e o Dr. Thales Costa Assis, ambos médicos neurologistas, a Dra. Elizabetta Colombo, médica hematologista, entre tantos outros que, no dia a dia, apoiam a Polícia Militar e os trabalhos de ajuda aos PMs. Graças a essas pessoas beneméritas, incluindo alguns sacerdotes, foi possível doar, até o momento, à PM, em várias cidades, aparelhos de aferir pressão arterial, termômetros, oxímetros, galões térmicos (e até uma geladeira), além de sorvete ou Café da Manhã por ocasião do Natal e da Páscoa. Deus seja louvado e, na sua infinita bondade, recompense a cada benfeitor(a) que torna possível essas doações.
Todavia, o propósito do grupo Amigos Pelo Bem (PMs), é oferecer, ainda que de modo remoto, um “ombro amigo” nas horas difíceis da vida do policial. Embora, quase sempre se divulguem notícias de suicídio de PMs, nosso grupo, nestes seis anos de ininterrupta atividade, por misericórdia de Deus, não perdeu ninguém. Apesar de casos muito complexos já enfrentados, estamos invictos!
A ideia do grupo surgiu, em agosto de 2017, quando o autor deste artigo ministrou, no 2º Batalhão de Choque, na capital paulista, um Curso sobre “Violência no Futebol” e ouviu, nos intervalos das aulas, algumas queixas de policiais. Elas envolviam o aspecto espiritual ou emocional. De imediato, por ação do Divino Espírito Santo, veio a inspiração de responder a esta necessidade por meio da oração (o espiritual) e da conversa (o emocional) fraterna. Nasceu o grupo!
Nestes seis anos de caminhada, tivemos dificuldades várias, mas seguimos firmes com a graça de Deus. A maior dificuldade parece ser a falta de interesse em divulgar o trabalho ou dele fazer parte. Pode ser que na cabeça de alguns PMs fique a questão: “Por que mais um grupo para ajudar a travar o celular? Quando eu precisar, me viro sozinho, como sempre fiz”. No entanto, sabemos, por experiência, que não é assim. O ser humano é um ser social e sentir-se apoiado nas dificuldades já é um grande passo rumo à resolução dos problemas. Sem dizer que a oração muito ajuda nas batalhas diárias. Elas são, quase sempre, mais espirituais do que humanas (cf. 1Pd 5,8; Ef 6,10-20).
Louvemos, pois, a Deus pelos seis anos do grupo.
Vanderlei de Lima é eremita de Charles de Foucauld na Diocese de Limeira.
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