DROGAS ILÍCITAS, CONSUMO, TRÁFICO E TRAFICANTES



O uso de drogas ilícitas movimenta muito dinheiro no mundo e desgraça centenas de milhares de seres humanos que delas se tornam dependentes. Eis a importância de, à luz da doutrina católica, tratarmos do assunto neste artigo.

Diz o Catecismo da Igreja Católica n. 2291: “O uso da droga causa gravíssimos danos à saúde e à vida humana. Salvo indicações estritamente terapêuticas, constitui falta grave. A produção clandestina e o tráfico de drogas são práticas escandalosas; constituem uma cooperação direta com o mal, pois incitam a práticas gravemente contrárias à lei moral”. Comentemos.

“O uso da droga causa gravíssimos danos à saúde e à vida humana”. Sim, não é de se crer que haja uma pessoa de bom-senso que possa, com base em dados seguros, negar os diversos males das drogas não só a quem as usa, mas também aos que convivem com o adicto. A chamada codependência (transtorno emocional típico de familiares ou demais pessoas próximas do dependente), afeta a muitos e causa desajustes sociais imensos. Sem falar nos que furtam e/ou roubam para manter o vício. Neste caso, além da questão da Saúde, passam a ser também um caso de Segurança Pública e Justiça.

“Salvo indicações estritamente terapêuticas, constitui falta grave”. A afirmação é assaz clara: fora do uso médico, é – objetivamente falando – pecado grave ao usuário. Ora, pecar é dizer não à vontade de Deus. Para que o pecado seja grave ou mortal – e não leve ou venial – são necessárias três condições, uma objetiva (a matéria seja grave) e duas subjetivas (saber que é grave e, mesmo assim, querer fazer o ato mau grave). No caso do usuário, há matéria grave (o uso de drogas), se, mesmo sabendo disso, ele quer usá-las, há pecado grave. Faltando, por razões diversas, um dos três itens, o pecado é leve.

“A produção clandestina e o tráfico de drogas são práticas escandalosas”. Aqui, a Moral se volta contra os que produzem e os que ilegalmente comercializam as drogas. Ambos cometem o pecado de escândalo, severamente censurado por Nosso Senhor (cf. Mt 18,6-7). Com efeito, o termo grego skándalon é pedra de tropeço, ou seja, motivo de queda a terceiros. Daí definir o Catecismo: “O escândalo é a atitude ou o comportamento que leva outrem a praticar o mal. Aquele que escandaliza torna-se o tentador do próximo. Atenta contra a virtude e a retidão, pode arrastar seu irmão à morte espiritual. O escândalo constitui uma falta grave se, por ação ou omissão, conduzir deliberadamente o outro a uma falta grave” (n. 2284). Não é exatamente isso que o traficante faz com o adicto?

“Constituem uma cooperação direta com o mal, pois incitam a práticas gravemente contrárias à lei moral”. A produção e/ou o tráfico de drogas cooperam, de modo direto, com a ruína de vidas humanas, de famílias e de parte da sociedade (a rua, o quarteirão, o bairro podem ser fortemente afetados. A “Cracolândia”, na região central de São Paulo, é gritante exemplo disso). Afrontam a lei moral, seja a natural, pois inscrita pelo Criador na natureza humana, seja a divina positiva codificada especialmente nos Dez Mandamentos (cf. Ex 20,1-17; Dt 5,6-21). Quem produz e/ou trafica drogas trabalha, portanto, contra Deus!

Tenha a palavra final o Papa Bento XVI em duas partes: a) Quanto aos adictos, tratamento adequado. “Mediante uma terapia, que inclui a assistência médica, psicológica e pedagógica, mas também muita oração, trabalho manual e disciplina, já são numerosas as pessoas, sobretudo jovens, que conseguiram livrar-se da dependência química e do álcool e recuperar o sentido da vida” (Discurso de 12/05/2007, on-line). A família do dependente, se desejar, receberá apoio do Amor-Exigente (AE); b) Aos traficantes o Pontífice alerta: “Digo aos que comercializam a droga que pensem no mal que estão provocando a uma multidão de jovens e de adultos de todos os segmentos da sociedade: Deus vai lhes exigir satisfações. A dignidade humana não pode ser espezinhada desta maneira. O mal provocado recebe a mesma reprovação dada por Jesus aos que escandalizavam os ‘pequeninos’, os preferidos de Deus; cf. Mt 18,7-10” (idem).

Reflitamos seriamente!

Vanderlei de Lima é eremita de Charles de Foucauld


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