NEM POBRES, NEM OPRIMIDOS, NEM VÍTIMAS. SÃO MAUS
No último dia 1º de fevereiro, segundo noticiários, Khaylane da
Silva Nascimento, de 15 anos, foi assassinada por criminosos com um tiro na
cabeça após ser confundida com policiais por ter usado o flash do celular para
tirar uma foto. Os bandidos julgaram que o clarão do flash era de viaturas da
PM a entrar no Bairro do Bom Retiro, em Santos (SP), e atiraram. Assim, a
Polícia é recebida lá.
Esse trágico acontecimento é importante. Desmente o que, há
algumas décadas, tem-se repetido, em grupos políticos de esquerda radical,
órgãos de comunicação ideologizados, nas universidades tomadas pela mentalidade
marxista e também, infelizmente, entre católicos adeptos da Teologia da
libertação extremada etc.: que os criminosos são pobres, oprimidos e vítimas da
sociedade. Ora, este slogan revolucionário não corresponde à realidade. Tais
criminosos são, na verdade, maus, endinheirados, opressores e algozes do
próximo, conforme comprovam fatos e pesquisas de nossos dias. Detalhemos.
A pobreza material não é, em si, geradora de criminosos. O puro
bom-senso basta para sustentar nossa afirmação, pois do contrário, todo pobre
seria criminoso e todo rico virtuoso, mas não é assim. A antropóloga Alba
Zaluar diz, concluindo ampla pesquisa, que “se a desigualdade explicasse a
violência, todos os jovens pobres entrariam para o tráfico. Fizemos um
levantamento na Cidade de Deus [conjunto habitacional favelizado, na zona oeste
do Rio] e concluímos que apenas 2% da população de lá está envolvida com o
crime. Como explicar que a maioria das pessoas não se envolveu com o tráfico?
Certamente tem algo a mais aí” (“Hipermasculinidade” leva jovem ao mundo do
crime. Entrevista com a antropóloga Alba Zaluar. Folha de São Paulo, 12/07/2004, online). Na verdade, os perversos
líderes do crime têm todas as características de psicopatas clássicos, portanto
maus por pura opção definida.
Os grandes criminosos são ricos. “Na Argentina, ao longo de 30
meses, a polícia confiscou dos narcotraficantes cerca de 20 milhões de dólares
mensais. Os carregamentos de droga e bens ilícitos capturados, incluindo mais
de 3.000 carros de luxo, como Ferraris e Porsches, superaram 593,3 milhões de
dólares, o equivalente a todas as vendas trimestrais de eletrodomésticos e artigos
para o lar no país vizinho. Também foram apreendidas mais de 22 toneladas de
cocaína, mais de 381 toneladas de maconha e 447.535 unidades de drogas
sintéticas. O valor dessa droga teria permitido construir 35 hospitais ou 131
escolas” (Catolicismo n. 818,
fevereiro de 2019, p. 21). Manchete da Folha de São Paulo, de 03/02/2020, online: “Tráfico de drogas arrecada R$ 9,7 milhões
por mês na cracolândia de São Paulo. Pesquisa da Unifesp indica ainda que quase
metade dos frequentadores compra drogas com dinheiro de roubos”. Aqui cabe a
indagação: os esquerdistas – de fora e de dentro da Igreja –, sempre brabos com
supostos opressores, por que nada dizem contra os traficantes de drogas de lá e
de cá?
Estranha-se ainda que os arautos das condenações fervorosas ao que
consideram, de antemão, excessos imperdoáveis nas ações policiais nada falem
das torturas e até dos assassinatos em “tribunais do crime” por aí. No G1, 07/03/19, online, lê-se que, em
Presidente Prudente (SP), um jovem foi violentamente agredido a socos,
pontapés, telhadas e tijoladas, permaneceu de olhos vendados, ficou fechado em
quarto escuro, antes de ser transportado no porta-malas de um carro até o
matagal. Detalhe: era ameaçado de morte o tempo todo por criminosos que
recebiam ordens via celular. O torturado, assim como Nosso Senhor, na cruz, pediu
água (cf. Jo 19,28), mas esta lhe foi negada ante gargalhadas dos facínoras. Já
O Estado do Maranhão, 23/11/19,
online, afirma que em São Luís (MA), em 2019, 20 pessoas, a maioria homens,
morreram vítimas de “tribunais do crime”, embora estime-se que esse número seja
maior.
Vanderlei de Lima é eremita de Charles de Foucauld
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