A ROTA VISTA DE DENTRO
Este artigo
apresenta trechos extraídos do relato feito pelo sargento Domarascki, na
reserva desde 1993, em seu interessante trabalho Taxi prata: histórias e rotina profissional na visão de um “piloto” das
Rondas Ostensivas “Tobias de Aguiar” – Rota. Infelizmente, sem indicação do
ano de publicação ou da Editora. Tem 13 páginas.
Antes
de transcrever trechos do livreto, convém dizer que denominamos Rota (Rondas
Ostensivas Tobias de Aguiar) o Primeiro Batalhão de Choque da Polícia Militar
de São Paulo. Ela é, via de regra, apresentada como muito temida por marginais,
mas venerada pela população de bem devido aos relevantes serviços prestados à
sociedade.
O
sargento Domarascki começa descrevendo a preparação para mais uma noite de
trabalho dos rotarianos: “Tudo ‘joia’. Viatura lavada, tanque cheio, suspensão
lubrificada, pneus calibrados com 35 libras, sexta-feira, calor, zona de
patrulhamento: sul. O motor 6 cilindros da Veraneio C-10 cinzenta da Rota,
ligada e alinhada caprichosamente no grande pátio do Batalhão Tobias de Aguiar
(B.T.A.), parece falar ao seu ‘piloto’ titular, de sua ‘impaciência’ em ganhar
as ruas para mais uma noitada de serviço”. Esses PMs têm a missão de “auxiliar,
socorrer, amparar o cidadão de bem, não dando trégua àqueles causadores em
praticar o mal através das inúmeras formas de ilícito penal” (p. 1).
Essa
falta de trégua a marginais de todos os níveis leva alguns PMs de outros
Batalhões a debocharem dos rotarianos. Colocam-lhes o apelido de “xaropetas”,
mescla dos termos “xarope” e “boinas pretas”. Afinal, segundo o autor do Taxi prata, a Rota procura “o perigo
como o moribundo necessita do oxigênio vital para a sua existência” (p. 2).
Essa caça aos problemas de toda ordem “nada mais é do que a sua vontade sublime
de proteger vidas, amparar e confortar vítimas da violência na grande
metrópole” (idem).
Um
cafezinho? É bom, mas o tempo de um plantão, nas agitadas ruas de São Paulo,
parece curto para isso. Os componentes da Rota 117 – número da viatura (“barca”,
p. 10) com a qual trabalham – Sargento Carlos, comandante, Domarascki,
motorista (“piloto”), e Candel, Eufrásio e Kinittel, seguranças, que deixaram o
quartel, na Avenida Tiradentes, às 19h15, há horas, querem parar para um rápido
café. No entanto, dado o volume de ocorrências em andamento, essa parada só se
dá às 2h30 da manhã (cf. p. 6).
A movimentação, entretanto,
continua. “Rota 107 está conduzindo ao 43 D.P. dois indivíduos surpreendidos
armados em um bar e bilhar na Cidade Ademar; Rota 123 está socorrendo ao P.S.
Jabaquara motorista embriagado vítima de choque de seu veículo contra poste;
equipe de Rota 121 informa que está conduzindo ao plantão do D.E.I.C.
traficante e grande quantidade de ‘maconha’ localizada durante revista efetuada
em seu veículo; equipe Rota 111, Sgto. Gusmão, em feitura de parto, bairro
Parelheiros” (p. 4). Além disso, um casal com filho de colo, morador da Cidade
Dutra, depois de consulta médica da criança, não tinha como voltar para a casa
e foi socorrida pela Rota 117 que lhe serviu de táxi (cf. p. 6-7). A mesma
viatura conduziu também até a Delegacia um senhor cujo carro havia sido
furtado, mas, agora, recuperado pela equipe de Rota 105. Grandes prestações de
serviços públicos, portanto. Inclusive um parto (cf. p. 3 e 7).
Houve também um intenso tiroteio, na
favela de Guaianazes, entre membros de forte quadrilha de assaltantes e
homicidas e policiais da Rota que já monitoravam, há dias, esses criminosos.
Eles, em vez de se entregarem, enfrentaram os rotarianos. O resultado foi
recebido, pouco depois, via rádio, pela Rota 117: “Atenção Copom. Atenção Copom
e rede Rota; Rota Comando socorrendo três indivíduos baleados durante troca de
tiros ao P.S. Guaianazes, vários marginais detidos e farto material roubado
encontrado no barraco ocupado pelos meliantes, graças a Deus, nenhum policial
ferido” (p. 6).
Por fim, às 3h30 da madrugada, é
hora de aguardar o chamado pelo rádio e voltar para o quartel. No trajeto de
volta, porém, há novidade: um taxista conduzia, de modo ingênuo, no seu táxi
prata, dois ladrões que solicitaram uma corrida do centro ao Grajaú. O homem,
graças à habilidade dos PMs da Rota, foi salvo e os malandros presos. A equipe
Rota 117 só pôde chegar
ao Batalhão após 15 horas de serviço (cf. p. 9).
Eis um pouco do relato do Sargento Domarascki.
Merece atenção! Parabéns!
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