PMs E CÂMERAS CORPORAIS
Quando falamos de segurança pública, quase que invariavelmente, o assunto câmeras corporais domina os debates. São muitos os “especialistas” e autoridades que colocam tal uso, por parte dos integrantes das forças de segurança, como a solução mágica para o controle da criminalidade.
Não se pretende, aqui, entrar na seara dos aspectos técnicos, mas sim fazer uma abordagem contextual com o objetivo de alertar a sociedade de bem quanto ao discurso enganoso que visa, na melhor das hipóteses, disfarçar a incompetência do aparelho estatal em cumprir a missão de levar segurança às pessoas.
Seria, é certo, um equívoco afirmar
que as forças de segurança não cometem erros, principalmente porque estas
instituições são criações humanas, portanto compostas por seres humanos que,
obviamente, são imperfeitos. Porém, é no mínimo curioso que, quando outras
categorias profissionais são expostas por seus erros, não se cogita colocar
câmeras em toda aquela classe profissional. Quando médicos são acusados de
abuso sexual, não vemos pedidos para instalação de câmeras nos consultórios ou
nos próprios médicos. Quando professores são acusados de agressão, nem se
cogita colocar câmeras em salas de aula ou mesmo nos professores. Quando há
denúncias de juízes vendendo sentenças, ninguém ousa sugerir a colocação de
câmeras nos gabinetes ou nos próprios magistrados...
Trazemos apenas alguns exemplos de
profissionais que atuam nos direitos mais fundamentais do ser humano, mas que
não recebem o mesmo “julgamento” – em especial de grande parte da mídia e dos
“especialistas” – que um policial. O problema da segurança pública é
incrivelmente complexo e vai muito além do simples trabalho policial, apesar de
este ser o mais visível por parte da população, sendo que a maioria dos
envolvidos pouco ou nunca saem das sombras. Citemos ainda como exemplo os
legisladores, o sistema judicial (Judiciário, Ministério Público), as
administrações municipais, o sistema carcerário etc. Obrigar o uso de câmeras nos
policiais, como única forma de combate à criminalidade, é criar uma distração, é
desviar o foco das verdadeiras soluções, e, pior, é demonizar a figura daqueles
que, diuturnamente, oferecem suas vidas, se necessário for, na proteção da
sociedade. Sociedade, via de regra, ingrata para com este sacrifício.
Esta atitude só enfraquece as
instituições realmente atuantes, mesmo com severas limitações, na proteção das
pessoas de bem, realizando não só suas atribuições, mas as de tantos outros órgãos
que falham. Prova disso são as incontáveis ocorrências de cunho social
atendidas todos os dias. Elas vão desde “aconselhamento psicológico” até a
realização de partos. A pergunta que deve, portanto, ser feita, por parte da
população, consumidora das manchetes sensacionalistas veiculadas pela mídia
todos os dias, é: A quem interessa acabar com a Polícia? Afinal, o crime tem se
moldado aos novos padrões da sociedade e usa do “canto da sereia”, através de
formadores de opinião, para se fortalecer e atingir quem a ele se contrapõe;
isto é, as forças de segurança.
Prova disto foi a recente
comprovação de que o crime organizado se vale de ONGs, com dinheiro público,
para a criação de movimentos populares em favor da criminalidade. Para você,
cidadão de bem, fica o aviso: é hora de posicionar-se a favor do correto, sob
pena de sua omissão levar à perda do último escudo entre a civilidade e a
barbárie.
Luiz Roberto Moraes, Tenente Coronel Reserva da PMESP. Mestre em Ciências Policiais e da Ordem Pública.
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