A VOCÊ QUE AMEAÇOU UM GCM
Escrevo, de modo público, a você que fez ameaças a um GCM,
pois não me convenço com suas palavras.
Você parece
saber apenas poucas gírias; ladrão sabe muitas. Você cita o nome do guarda que
o incomoda umas três vezes; ladrão usa, via de regra, termos pejorativos ou
códigos para se referir a seus desafetos. O que ladrão menos quer é dar ibope a
policiais. Você fala bastante; ladrão dá “salve” objetivo. Assista ao filme
Salve Geral, por exemplo.
Você não deve
ter ligação com a hierarquia do crime; ladrão quase sempre tem e, se está com
problemas, se dirige a ela. Nunca ouvi falar – pode ser por ignorância minha –
de algum que, por áudio, convocasse uma espécie de mutirão de caçada. Você
parece implorar para que outros ajam ilicitamente; ladrão, quando quer, faz ou
manda fazer. Não pede. Afinal, por que iria “arrastar” os outros sem sequer
oferecer-lhes uma recompensa?
Você pode ter
seus “desacertos”, mas não deve ser “do crime”. A mim, um caipira, você não
convenceu. Imagine se convenceria, no campo do Direito, a alguém (juiz,
promotor, delegado etc.) que, além de estudo, tem um tino especial desenvolvido
pelo trabalho cotidiano. Mais: duvido até que uma pessoa realmente “do crime” –
via de regra, experta, bem articulada e de forte percepção prática – lhe dê algum
crédito nisso.
Permita-me, em nome do que aprendi em mais de 12 anos de trabalhos sociais, um respeitoso, mas firme conselho: com a graça de Deus, saia desses desacertos!
Vanderlei de Lima é filósofo pela PUC-Campinas.
(Jornal A Tribuna, 1º/10/2021, p. A2).
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