QUEM PRECISA DE POLÍCIA?
(Foto ilustrativa de uma manifestação)
O tema Segurança Pública sempre foi e sempre
será dos mais debatidos e complexos da sociedade moderna. E no centro deste
debate frequentemente nos deparamos com a pergunta feita nos idos de 1986 pela
Banda Titãs, na música Polícia, nesta,
de maneira até certo ponto lírica, mas carregada de um peso crítico absurdo na
época, e que reverbera até os dias atuais.
Nesta seara, fica a pergunta: será que todos
aqueles jovens (alguns deles, jovens mais, digamos, maduros) que carregam
orgulhosamente durante seguidas manifestações, seus cartazes reivindicando o
“Fim da Polícia”, sabem responder por que existe uma Polícia? Será que algum
deles, pelo menos de longe, estudou historicamente, antropologicamente,
sociologicamente, (qualquer “mente” serviria), estudou as origens da Polícia? Ou
será que por conta de um pensamento político divergente, atacam uma Instituição
secular, por absoluta ignorância ou por razões escusas algumas vezes?
Aos incautos pede-se a calma e ponderação de
não se misturar Polícia e Política, mesmo que, às vezes, por fazer parte de uma
estrutura governamental, deduza-se sua vinculação, em alguns casos por força
dos próprios políticos. Polícia não é atividade política, é atividade administrativa,
e essencial, prevista em nossa Constituição, com a missão de preservar a ordem
pública, no caso da Polícia Militar.
Contudo, voltemos um pouco no tempo, algo em
torno do período Paleolítico (muito recente, portanto!!!), quando as primeiras
sociedades do “Homo Sapiens” começam a surgir, quando uma das leis mais
impiedosas da natureza vigorava impassível, a Lei do Mais Forte. Ou seja, no
grupo prevalece a força do indivíduo, sobrepujando os demais e impondo a sua
vontade. Porém começa a haver uma evolução, os indivíduos se agrupam e começam
a se ajudar mutuamente, defendendo-se reciprocamente, os mais fortes não impõem
sua vontade, mas protegem os mais fracos, a lei primitiva passa a ser
substituída pelas leis humanas de convívio. De lá para cá, muito se evoluiu,
várias formas de defesa social foram criadas, desenvolvidas, alteradas,
substituídas, extintas, de acordo com a evolução das diferentes sociedades e
culturas, mas um fato é comum, a todos: sempre existiu um grupo encarregado de
cuidar dos menos favorecidos e fazer valer as normas sociais perante os infratores
e mal-intencionados, com nomes e formas mais variados, mas únicos em essência.
Sempre, porém, como uma “Polícia”.
Só para exemplificar, desde a China antiga, a
Grécia antiga e o Império Romano havia grupos específicos que realizavam as
atribuições hoje pertencentes às Polícias. Mais especificamente em nosso país,
apesar de suas atividades já serem desenvolvidas pelo Exército Português, a
primeira Polícia nos atuais moldes data de 1808, com a chegada da Família Real.
E mais particularmente ainda, em nosso Estado de São Paulo sua criação data de
1831.
Como então podem alguns iluminados seres
pensantes ecoarem o discurso clichê de que a Polícia Brasileira é uma filha do
Regime Militar, e que, por isso, deve ser extinta? Desconhecimento? Preguiça mental? Razões
espúrias? Fica a pergunta a você cidadão de bem. De minha parte, descarto a
primeira opção, dado que a maioria dos defensores de tal loucura são
intelectualmente e, muitas vezes economicamente, bem situados, estudantes de
boas instituições de ensino, jornalistas de veículos de comunicação robustos e
capazes de acesso farto à informação. Quanto à segunda hipótese, é um mal
recorrente. Ora, mas se dispõem-se a sair de casa, ir para um movimentado logradouro,
fazer cartazes, pintar faixas, andar vários quilômetros bradando palavras de
ordem; então, não lhes falta vigor, ou, não raras vezes (aliás bem comum), dispõem-se
a redigir enormes artigos para grandes canais jornalísticos. Mas quanto à
terceira hipótese, o espúrio, o mau-caráter, o malicioso, naturalmente nunca
gostará da Polícia e irá lutar fervorosamente por seu fim, é claro!!!
Todavia, para quem se recusar a acreditar na
utilidade da Polícia, analisemos os números somente da PM de São Paulo no ano
de 2019: 33 milhões de intervenções (isso mesmo, milhões), 21 milhões de
solicitações pelo telefone de emergência “190”, 160 mil infratores presos, 143
mil kg de entorpecente apreendidos, 50 mil veículos roubados/furtados
recuperados, 9200 armas apreendidas (Dados da PMESP). Numa rápida comparação,
seria apropriado afirmar que a PM de SP atendeu, em números, 73% da população
paulista.
É evidente que a Polícia não é perfeita, o
que parece ser extremamente óbvio a qualquer pessoa de bom-senso, pois sendo
uma organização humana, portanto feita de seres humanos falíveis, não há como
ser perfeita, apesar de algumas mente jornalísticas “brilhantes” assim quererem
mostrar ao público: que as Polícias deveriam ser infalíveis e, pior ainda,
utilizando de casos pontuais, jogam na lama o esforço e a dedicação de milhares
de homens e mulheres diariamente responsáveis por milhões de ações positivas e
bem sucedidas. E mesmo assim se omitem de mostrar que a PM de SP, por exemplo,
só no ano de 2019, exonerou de seus quadros 155 Policiais por condutas
incompatíveis com a função (Dados da SSP/SP). Qual outra instituição “corta na
carne” desta maneira?
Finalmente, se houver ainda alguma dúvida
quanto à importância da Polícia, sugiro aos eminentes pensadores que tanto se
regozijam em atacá-la, que saiam, numa noite ou dia qualquer, de suas
confortáveis acomodações e se dirijam a qualquer lugar da periferia de qualquer
cidade e acompanhem esses milhões de atendimentos. Eles vão dede brigas de
casal por motivos inumeráveis até roubos a grandes empresas de valores,
passando por incontáveis salvamentos e até mesmo somente um aconselhamento numa
discussão familiar. Mas para essas pessoas sem recursos materiais, muitas vezes
sem estudo, sem perspectivas, sem toda “capacidade intelectual” brilhante dos
detratores do serviço policial, a Polícia é a única a lhes atender em qualquer
situação, a qualquer hora, em qualquer lugar. E o pagamento por esse
atendimento? Um sorriso sincero já está bom demais. Pois bem, são essas pessoas
que “Precisam de Polícia”.
Entretanto, a Polícia também precisa das
pessoas de bem. E muito. Então, chega de se esconder na ensurdecedora omissão frente
ao mal, não é uma questão ideológica, é questão objetiva de certo e errado; é
preciso defender os únicos dispostos a fazer o sacrifício supremo. E eles não o
fazem por dinheiro, não o fazem por fama, não o fazem por glória, fazem-no por
VOCÊ!
LUIZ ROBERTO MORAES, Tenente-Coronel da Reserva da
Polícia Militar de SP. Graduado e Mestre em Ciências Policiais e da Ordem
Pública.
Parabéns Roberto, EXCELENTE texto. Orgulho de pertencer.👊🏾🙏🏾🇧🇷
ResponderExcluirParabéns! Texto repleto de verdades que incomodam aqueles que só querem se beneficiar do caos!
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