O PSICOPATA: PERIGO REAL, MAS OBSCURO

 

Leonardo Pareja, morto por colegas presidiários, em 1996, dizia: “Não sou super bandido, mas certamente sou mais inteligente do que a polícia”

O psicopata é um ser humano perverso, ou seja, mau por natureza. Por isso um perigo real, mas nem sempre claro às pessoas. Este artigo projeta luz sobre o assunto.

Antes do mais, importa dizer que o psicopata não é, como o nome pode sugerir, um doente mental. Isso o explica a psiquiatra Dra. Ana Beatriz Barbosa Silva: “A palavra psicopata literalmente significa doença da mente (do grego, psyche = mente; e pathos = doença). No entanto, em termos médico-psiquiátricos, a psicopatia não se encaixa na visão tradicional das doenças mentais. Esses indivíduos não são considerados loucos, nem apresentam qualquer tipo de desorientação. Também não sofrem de delírios ou alucinações (como a esquizofrenia) e tampouco apresentam intenso sofrimento mental (como a depressão ou o pânico, por exemplo). Ao contrário disso, seus atos criminosos não provêm de mentes adoecidas, mas sim de um raciocínio frio e calculista combinado com uma total incapacidade de tratar as outras pessoas como seres humanos pensantes e com sentimentos” (Mentes perigosas: o psicopata mora ao lado. 3ª ed. Rio de Janeiro: Principium, 2018, p. 42).

Daí o Dr. Guido Palomba, psiquiatra forense, afirmar que o psicopata habita a zona fronteiriça entre a loucura e a normalidade. Entre a noite (a doença mental) e o dia (a normalidade) há a aurora (a psicopatia). Portanto, ele não é nem doente, nem normal, mas um transgressor (cf. Vanderlei de Lima. Psicopatas: quem são? Como agem? Que fazer com eles? São Paulo: Ixtlan, 2020, p. 13 e 15). Aqui cabem duas máximas: 1) “Nem todo delinquente é psicopata, mas todo psicopata é delinquente” e 2) “Nem todo egocêntrico é um psicopata, mas todo psicopata é egocêntrico”. Ele não olha para os outros na horizontal (“somos iguais”), mas na vertical (“sou superior a todos”).

O psicopata nasce assim, vive assim, morre assim, ainda que seja oportuno pontuar duas coisas: 1) Por mera convenção da Psicologia, antes dos 18 anos, chamamos os atos transgressores de alguém de “transtornos de conduta” e 2) O psicopata, embora nunca deixe de sê-lo, perde muito da sua audácia infratora por volta dos 40 anos de idade.

Seu grande objetivo, a qualquer custo (no sentido mais literal dessa expressão), é a busca de status (notoriedade), poder (“sou o melhor”) e prazer (adrenalina). Um de cada vez ou todos juntos, se possível. Disso decorre que todo psicopata é um excelente “ator” e, por consequência, grande sedutor (fala o que o outro gostaria de ouvir). Suas presas dificilmente lhe opõem resistências. Todavia, quando conseguem se libertar do predador, ainda se sentem, em seu interior, despedaçadas por não o terem ajudado mais. Afinal, “ele, apesar dos seus defeitos, é uma boa pessoa”, pensam as pobres vítimas.

A pergunta crucial a ser feita é: De onde o psicopata tira tanta frieza para fazer com que as demais pessoas se tornem suas presas fáceis? – A resposta é concisa: Tira do fato de ser ele alguém com quase 100% razão e 0 (zero) emoção. Ele é totalmente incapaz de amar. “Os psicopatas têm uma gama de sentimentos reduzida. Não sentem ternura, amor, solidariedade ou tristeza. ‘Vivem num pêndulo entre duas emoções básicas: o entusiasmo (para buscar os objetivos) e a ira (quando se frustram por não realizá-los)’, diz o psiquiatra Hugo Marietan. ‘Mas estudam os sentimentos das outras pessoas com o objetivo de manipulá-las’. O eventual choro do psicopata não é espontâneo, e sim puro teatro para conseguir alguma coisa” (Superinteressante, maio de 2019, online).

Nesta altura do artigo, cabe dizer, de modo muito geral, que há psicopatas em grau leve (o popular 171, aplicador de “contos do vigário”), moderado (alguém que se mantém acima de qualquer suspeita, mas, sem nenhum escrúpulo, manda matar) e grave (os serial killers ou criminosos cruéis). Em quaisquer dos três graus, tentar estabelecer vínculos com esse tipo de gente é apostar na derrota certa. Sim, pois todo psicopata sabe muito bem o que faz, com quem faz, quando faz, onde faz, como faz e porquê faz. Tem total autocontrole e, por isso, pode escolher cometer ou não cometer os seus crimes.

Não se aproximar do psicopata e alertar outros a também manterem distância é o melhor remédio preventivo para si e para quem você ama.

Vanderlei de Lima é graduado em Filosofia pela PUC-Campinas e pós graduado em Psicopedagogia pela UNIFIA. Cursou Psicopatologia pela UNIEDUCAR.

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