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A BÍBLIA DO PEREGRINO

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  A Bíblia do Peregrino (Paulus), elaborada por Luis Alonso Schökel (1920-1998) renomado intelectual espanhol, chama a atenção das pessoas, de um modo especial, por suas abundantes notas de rodapé a quase comentar versículo por versículo da Sagrada Escritura. Isto é muito válido. Traz, todavia, pontos merecedores de atenção. Aqui, apontamos, a título de ilustração, quatro deles. Nosso Senhor foi tentado ou provado no deserto (cf. Mt 4,1-11; Mc 1,12-13; Lc 4,1-13)? – Para Schökel, Jesus não foi tentado pelo diabo, mas apenas posto à prova. Sim, em comentário ao capítulo 4, versículos 1 a 11, de Mateus, escreve ele que as tentações do Senhor, na verdade, “são provações”. Ora, assim procedendo, o grande erudito espanhol cai no erro básico de confundir duas realidades que a clássica espiritualidade católica distingue muito bem. Afinal, provação não é tentação e, por conseguinte, tentação não é provação.  Com efeito, escreve o Pe. Adolphe Tanquerey, célebre estudioso das etapas de progresso

OS EREMITAS CAMALDOLENSES DE MONTE CORONA

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  (Eremitas Camaldolenses de Monte Corona, Herrera, Espanha) Origem – Os Monges Camaldolenses pertencem à Ordem Eremítica [1] , implantada, na Itália, por São Romualdo no século XI, que é um ramo da Ordem Beneditina, fundada, no século VI, por São Bento, Patrono da Europa. Difusão – A Ordem de São Romualdo, chamada Camaldolense devido ao Ermo de Camáldoli, que foi o último e o mais importante dentre os fundados por ele, propagou-se na Itália, seu berço, e também em outros países da Europa. Sua difusão tomou novo vigor no século XVI por obra do bem-aventurado Paulo Giustiniani (1476-1528), que é um dos maiores e mais santos monges camaldolenses, e o Pai da Congregação Camaldolense de Monte Corona. Ele, obtida do Papa Leão X a faculdade de fundar Ermos “em qualquer lugar da Itália, da Ásia, da África e das nações fiéis e infiéis”, já pensava em ir fundá-los nas Índias (Colômbia), mas sua morte prematura (28 de junho de 1528), na idade de 52 anos, o impediu de realizar plenamente seus

OS CÔNEGOS REGULARES PREMONSTRATENSES

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  (Canonia de Itinga, Bahia) Desejamos tratar, aqui, dos cônegos regulares premonstratenses que, fundados por São Norberto de Xanten (1080-1134) – cuja vida ocupará grande parte deste artigo –, estão presentes no Brasil desde 1896. Têm, atualmente, casas (canonias) em São Paulo, Minas Gerais e Bahia. Norberto nasceu em Gennep (hoje sul da Holanda), filho do casal Heribert e Hedwig. No momento do parto, sua mãe ouviu uma voz do céu a dizer-lhe: “Coragem, teu filho terá um futuro brilhante”. Aos nove anos, já era cônego (título eclesiástico dado, então, até a crianças), tinha excelentes notas escolares e frequentava cortes de bispos e, depois, também de príncipes e imperadores. Era um jovem bom, mas envolvido com assuntos mundanos. Eis, porém, que, em maio de 1115, foi atingido por um raio, caiu ao chão (cf. At 9,4) e, aí, ouviu esta repreensão celestial: “Deixa o mal e faze o bem” (cf. Sl 37,27; 1Pd 3,11). Voltando para a casa ileso, passou a levar tão a sério a fé católica que, em sete

MONGES CISTERCIENSES

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  Em sua  Audiência Geral  de 26/04/2023, o Papa Francisco, recomendava: “Far-nos-á bem – na medida em que pudermos – visitar algum mosteiro, porque lá se reza e se trabalha”. Em possível resposta ao apelo do Santo Padre, apresentamos brevemente, neste artigo, a Abadia cisterciense Nossa Senhora de São Bernardo, em São José do Rio Pardo (SP), fundada em 1939, no mesmo local em que se encontra atualmente: ao lado do Santuário São Roque, na Praça Mons. Guilherme Arnould, 51, centro. A Ordem Cisterciense – fundada, em 1098, pelos santos Abades Alberto, Alberico e Estevão, junto com outros companheiros, e muito impulsionada por São Bernardo de Claraval († 1153) – segue a Regra de São Bento († 547) a prescrever, basicamente, que o monge se entregue a Deus pela consagração numa família, que é o mosteiro, sob a orientação segura de um Pai (= Abade), exercitando-se no serviço do Senhor por meio da oração e do trabalho (manual, intelectual ou pastoral), bases da vida monástica beneditina. Além

DIÁLOGO COM DEUS

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  O título deste artigo é do livro de Dom García María Colombás, monge beneditino espanhol e afamado historiador da Ordem beneditina. Nesta obra, ele faz uma introdução à lectio divina ou à leitura orante da Bíblia. É um estudo valorizado pelo grande público, uma vez que, publicado, pela Paulus, em 1996, está, em 2024, na quinta reimpressão. Dom Columbás deixa claro, na última página, que, nos textos, fala “sem dúvida alguma, um ‘ancião’ experimentado na ‘leitura de Deus’. Alguém que conhece sua natureza e sabe como praticá-la. Seus conselhos, tão simples e autênticos, constituem o melhor final imaginável para este livro” (p. 126). Conheçamos, pois, ainda que de modo muito breve, aspectos da obra em foco. Logo de início, a pergunta que vem à mente é: Que se entende por Lectio Divina ? – Responde-nos o experiente monge: “ Lectio , como ‘leitura’, é um substantivo ambíguo, podendo designar tanto a ação de ler como o escrito que se lê. Divina é um adjetivo que qualifica o substantivo le

OS MONGES CAMALDOLENSES

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  (Aspectos do Eremitério de Camáldoli - Itália) Este artigo apresenta, de modo bastante resumido, a vida de São Romualdo de Ravena e alguns aspectos da Congregação Camaldolense da Ordem de São Bento nascida a partir do exemplo deste santo. Romualdo – descendente de uma família nobre, de sobrenome Honesti –, nasceu, por volta do ano 952, em Ravena, no Centro Norte da Itália. De início, a fé pouco lhe importava, embora a contemplação da natureza já lhe despertasse um latente desejo das coisas eternas e da solidão para se ocupar só de Deus. Aos vinte anos, no entanto, Romualdo presenciou – forçado por Sérgio, seu pai –, um duelo entre este e um parente próximo numa disputa por terras. No combate, Sérgio matou seu oponente. Ora, isso fez o nosso futuro santo sentir-se, de algum modo, culpado e desejar, por isso, expiar sua culpa. Foi, então, passar 40 dias no mosteiro de Santo Apolinário, em Classe, perto de Ravena. Concluída a fase de expiação, Romualdo teve uma visão do santo patrono do

O VOTO DO CATÓLICO

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  (Ilustração) À Igreja cabe, enquanto mãe e mestra – ainda que sob perseguições –, orientar seus fiéis também quanto ao voto correto. De início, deixemos claro que a Igreja Católica não oferece apoio a qualquer partido político, pois por ser católica (= total) não pode reduzir-se apenas a uma sigla partidária (= parte). Daí decorre que os fiéis são livres neste ponto. Todavia, sempre que estejam em jogo temas de fé e moral, a mãe Igreja deve emitir seu juízo (cf. Gaudium et Spes , 75-76. Catecismo da Igreja Católica n. 2246). Aqui, apresentamos, portanto , quatro princípios inegociáveis que o verdadeiro católico jamais pode abrir mão na hora de votar. 1. A defesa incondicional da vida desde a concepção até o seu fim natural. Em outras palavras, a justificação do aborto e/ou da eutanásia por um partido político e/ou candidato já os fazem indignos do voto do verdadeiro católico (cf. João Paulo II. Evangelium vitae , 1995, n. 63 e 65; Discurso do Papa Francisco na Assembleia Geral da ON